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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mais uma vez o lixo: Big Brother!



Por Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú-SE



A situação é extremamente preocupante: no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo nível de programação. Sem nenhum controle ético por parte da sociedade, os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir gratuitamente) fazem a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor amoroso para com Deus.


Na telinha, tudo é permitido, tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo! Na telinha, a vida é pra gente bonita, sarada, corpo legal… A vida é sucesso, é romance com final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e constrói como bem quer e entende! Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha, inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o sexo sem amor, somente pra fabricar um filho… Na telinha tem o Gugu, que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê… Na telinha tem os debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória… Na telinha tem ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a desvalorizar a família… Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a ilusão da Fama… Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a criar, temos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social… E a telinha destruindo valores e criando ilusão…


E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial… Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…


Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…). Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!


Como o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que chegamos! Uma semana de convivência e a orgia corria solta… Os palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia… A grande preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranqüilamente dá-se as mãos para invocar Jesus… Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no comportamento público e privado das pessoas… Um jesusinho de encomenda, a gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele na vida e exige de nós conversão contínua! Um jesusinho tão bonzinho quanto falsificado… Quanta gente deve ter ficado emocionada com os “heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”


Até quando a televisão vai assim? Até quando os brasileiros ficaremos calados? Pior ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura? Isso mesmo: censura! Os pais devem ter a responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem, que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar, analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação e, se preciso, censurar este ou aquele programa. Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem! Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que quer, ninguém amadurece se não conhece limites; ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores sólidos… E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o coração, mancha a consciência e deturpa a razão!


Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave que tem provocado danos seríssimos na sociedade. Quem dera que de um modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas diante dos meios de comunicação…


E se alguém não gostou do que leu, paciência!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Um eterno aprendiz"




Um catequista precisa ser antes de tudo, um líder. E liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer. E ninguém faz com que os outros façam alguma coisa sem um trabalho conjunto e de equipe. E criar uma equipe significa engajar, capacitar e, acima de tudo, inspirar. Líderes devem inspirar pessoas.
Na medida em que vamos nos envolvendo nesta linda missão que nos é confiada, Deus parece ampliar seu chamado. E quando nos damos conta, já estamos completamente envolvidos. Quem descobre a bênção que é servir e trabalhar em prol de um projeto diferente, não recua, mas sim, avança.
Quando chegamos nesta estágio, muita coisa muda. Chega um ponto no trabalho de um líder que é não é mais suficiente inspirar quem faz. Torna-se necessário inspirar quem inspira quem faz. É o tamanho da missão que muda. Começamos a perceber a magnitude da missão e da nossa capacidade de envolvimento. Um líder precisa saber lidar com as exigências e aí, terá que saber trabalhar muito bem com a equipe que tem ao seu lado.Empoderar outras pessoas, fazê-las fazer, inspirar quem inspira quem faz. Ao líder, torna-se imprescindível formar pessoas capazes de ampliar os horizontes, mantendo as conquistas, avaliando a caminhada, corrigindo rumos que precisam ser corrigidos, e encorajando a equipe a continuar caminhando.
Nem sempre as pessoas se dão conta do quanto são importantes para o projeto do Pai. Falta a percepção de que o convite que foi feito, não é humano, mas divino. Eis a razão pela qual, muitos cristãos ficam zanzando para lá e para cá, agindo apenas na casca, no externo, sem a verdadeira radicalidade que exige o discipulado.
Falta o envolvimento verdadeiro, concreto, a ponto de fazer com que outros também façam, que inspira e encoraja, que eleva e empodera.
Não existe missão evangelizadora sem que surjam outros seguidores. Líderes precisam de seguidores. Liderar necessita de opção concreta, além de conhecimento, estudo, aprendizado, dedicação e, principalmente, o gosto pelas pessoas.
De uma vez por todas, precisamos assumir com coragem e ardor a condição e a atitude de discípulos. É a prática do Evangelho e não apenas a teoria.
O Doutor em Teologia José Comblin diz no livro Evangelizar, publicado pela Paulus em 2010, que o Evangelho de Jesus fica escondido para as pessoas que não o praticam. Segundo ele, existe o privilégio da ação ou da prática. “Quem não começa a agir como discípulo não pode entender nada. Pois é agir como discípulo, a ação que consiste em seguir Jesus na verdadeira lei do Pai, que fornece a chave do Evangelho. Quem não procura se empenhar ou se comprometer nunca chegará a ver nada daquilo que Jesus proclama”, diz Comblin.
E ele diz mais. “O discípulo é uma pessoa comprometida, engajada de modo definitivo e radical. Para ser discípulo, é preciso dedicar-se totalmente a essa tarefa e deixar tudo o que for obstáculo. Ser discípulo torna-se norma última. O que caracteriza o discípulo é a sua radicalidade.”
É desafiador para um reles catequista viver a radicalidade do evangelho. Ser radical , nesse caso, significa comprometer-se. Comprometimento tem a ver com mudanças profundas no próprio comportamento. Passa também pela coragem de agir, de denunciar o que não faz parte do projeto do Pai e, ao mesmo tempo, pela humildade de saber se relacionar e aprender com a caminhada. Um líder não é o dono da verdade.
O discípulo é um eterno aprendiz. O evangelho é um convite para sermos aprendizes. O discípulo não pode ter a pretensão de ser grande, porque sempre está na condição das crianças que aprendem: “Se não nos tornardes como crianças, não podereis entrar no reino dos céus” ( MT – 18,3)O líder precisa ter consciência que não será eterno nem infalível. Cedo ou tarde, ele precisará ser substituído, temporária ou definitivamente. É assim que as coisas funcionam na nossa vida pastoral. Infelizmente, alguns sentem-se eternos nos cargos que ocupam na comunidade. Com isso, não abrem caminhos, não formam novas lideranças, ficam avessos a novas idéias. E não surgem novos líderes, novos apaixonados pela missão, novas pessoas engajadas e imbuídas do mesmo espírito que nos fez permanecer até então na caminhada.
Um catequista precisa ser antes de tudo, um líder. E liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer. Mas ninguém faz sozinho. É preciso caminhar em equipe. E criar uma equipe significa engajar, capacitar e, acima de tudo, inspirar.
Líderes devem inspirar pessoas.
E eternos aprendizes.
E radicais na obediência do evangelho.
Se não for assim, não é missão, nem mesmo discipulado.
É tarefa que qualquer um faz, de qualquer jeito!

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( *A parte de liderança deste texto foi inspirada num artigo de Eugênio Mussak, publicado na página 134 da Revista Você S/A, edição de novembro de 2010. Li, gostei e fiz algumas adaptações)
( * A parte sobre discipulado neste texto foi inspirada no livro do Teólogo José Comblin chamado EVANGELIZAR, páginas 26 e 27. O livro é leitura obrigatória para todos os catequistas, ou alguém que atua como catequistas acha que não é necessária nenhuma leitura ou estudo? O livro EVANGELIZAR foi publicado pela Paulus em 2010)

TODO O TEXTO FOI RETIRADO DO BLOG DE ALBERTO MENEGUZZI: http://albertomeneguzzi.blog.uol.com.br/arch2011-08-01_2011-08-15.html#2011_08-12_08_36_34-134291175-0

Amor à Catequese e acima de tudo Jesus

Sei que é dificil de atualizar esse Blog, mas ano passado estive um pouco atarefada. O primeiro ano de faculdade é mais para adaptação, quero ver se nesse ano de 2012 eu escrevo um pouco mais aqui. Apesar de tudo eu li muito e dois livros me marcaram muito. São de um autor chamado Alberto Meneguzzi e os livros são "Paixão de Anunciar - Reflexões para o dia-a-dia da catequese" e "Missão de Anunciar - De Catequista para Catequista". Recomendo a todos os catequistas que leiam, quem nao for catequista também. O autor nos apresenta de uma forma simples o quotidiano de um critão verdadeiro, com suas lutas, traumas, anseios e desejos, mas deixa muito latente a vontade de levar aqueles que passam por ele a uma verdadeira experiência com Jesus.
Me identifiquei com tudo que ele escreveu nos dois livros. Parece que quem viveu nas decadas de 70/80/90 viveram os mesmo dramas, as mesmas dificuldades. Quando ele fala do pai alcoolatra, dos sonhos, das brincadeiras em seu quarto, parece que estou me vendo. A frustração que sentimos quando termina uma turma de Crisma e daqueles 20 ou mais jovens só 2 ou 3 se engajam em serviços na Igreja. O sonho de ver o povo de Deus reunido. Mas também tem a felicidade de entrar em uma sala de catequese e ver aqueles rostinhos ávidos e sedentos por Jesus. A certeza de saber que NÓS CATEQUISTAS TEMOS EM NOSSAS MÃOS O PODER DE E PRINCIPALMENTE A MISSÃO DE MUDAR VIDAS, é muito gratificante, em especial por saber que não é pra nossa glória que o fazemos.
Pois essa é a nossa missão, ensinar jovens, crianças e adultos tudo sobre Jesus, sua Igreja, seus mistérios. Com amor e dedicação, sem nada esperar em troca. Se o padre não der prioridade à catequese paciencia, nao podemos parar por isso. Sei que muitos desistem por isso. Outros preferem ser catequista onde podem se vistos. Mas o verdadeiro catequista é aquele que faz tudo em silencio. Somente os catequizandos sabem quem ele é e quando muito os pais deles.
Outra coisa que deixa muito catequista frustrado é com relação à vida de oração. Não estou dizendo aqui que não devemos tê-la, mas não podemos viver nos culpando se não conseguimos atingir o "nirvana" das orações. O verdadeiro testemunho é com a vida. Temos que ter coerencia. Não adianta viver com o terço na mão se vivo de acordo com o que Cristo ensinou. Não posso apontar o dedo para os defeitos dos outros. Não posso fazer classificações, apontar o dedo e dizer quem vai ou não para o céu. Não sou Deus. O máximo que posso fazer é indicar o caminho. Se não quiserem seguir não cabe a mim julgar, mas rezar. Outro detalhe importante é a vida em família. Como diz naquele velho ditado: "na rua é um gatinho, em casa um leão". O verdadeiro catequista não pode usar máscaras, uma para cada ocasião: na Igreja santo, em casa o capeta, no serviço o desbocado. Ele deve ser autentico, ser o mesmo em todos os lugares, sem hipocrisias, pois estamos sendo observados onde quer que estejamos.
Pra finalizar, outro dia vi uma foto de um bebê de uns 2 ou 3 aninhos vestido de padre e a seguinte frase: "NINGUÉM NASCE SACERDOTE", isso vale também para o catequista, ninguem nasce catequista, é um processo de formação cosntante, ele nunca estará pronto pois o mundo se atualiza a cada segundo e o catequista deverá estar pronto para acompanhar esta mudança. Por mais cursos ou formaçoes que ele tenha participado ele deverá ter a humildade de aprender mais se não pelo conteúdo, pelo menos pela vivencia em comunidade.

Um abraço a todos e até a próxima.


Ecilene